O ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou nesta segunda-feira (21/3) a criação de bolsas de mestrado à distância para professores da educação básica por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A condição para aquisição do benefício será a permanência de, no mínimo, cinco anos na rede pública de ensino. O anúncio foi feito na cerimônia de outorga da Ordem Nacional do Mérito a 11 educadoras brasileiras, no Palácio do Planalto.
O ministro informou que os cursos deverão ser nas áreas de disciplinas aplicadas na educação, como matemática e biologia, por exemplo, e que além de garantir a melhoria da educação por meio do aperfeiçoamento dos professores, a medida visa incentivar o aumento da oferta dos cursos de mestrado para educadores. Haddad disse que a intenção é que as universidades reajam à provocação feita pelo MEC e ofereçam mais cursos.
“Queremos garantir o prosseguimento do estudo do professor, agora com mais que uma especialização. Seguindo a experiência dos países desenvolvidos do ponto de vista educacional, nós vamos estender as bolsas de mestrado para os profissionais da escola pública que tenham interesse neste diploma ”, explicou o ministro.
A cada mês de março, o benefício será liberado e terá vigência máxima de 24 meses. Existe, também, a possibilidade de concessão de bolsas para mestrados presenciais, desde que em cursos aprovados pela Capes e consideradas algumas situações de interesse específico do Estado. O não cumprimento do compromisso de cinco anos de exercício em escola pública, após o curso de mestrado a distância, implicará a devolução dos recursos.
Fernando Haddad frisou, ainda, que será permitido aos professores acumular o salário e o valor da bolsa, uma vez que o mestrado não exigirá dedicação exclusiva. A medida faz parte de um conjunto de ações para elevar a qualidade da educação básica, definida pelo MEC como “área excepcionalmente priorizada”. A portaria que normatiza a concessão dessas bolsas será publicado no Diário Oficial da União de amanhã (22/3).
Obama no Brasil – Durante entrevista coletiva, o ministro da Educação afirmou que, em conversa com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que esteve em Brasília no último sábado (19/3), surgiu a proposta de ampliar o intercâmbio de estudantes e docentes entre Brasil e EUA. A meta “para ser alcançada em alguns anos”, informou Haddad, é atingir a marca de 100 mil intercambistas.
“Foi uma visita muito bem recebida tanto lá [nos Estados Unidos] quanto cá [no Brasil]. No que diz respeito à área da educação, eu tive a oportunidade de conversar com o presidente Obama, no Palácio da Alvorada, e ele reiterou o interesse dele ampliar em o intercâmbio de estudantes e docentes entre os dois países”, informou.
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quarta-feira, 23 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
A vida exige mais compreensão do que conhecimento
De Frei Betto no twitter:
"No Curso de Medicina, o professor se dirige ao aluno e pergunta: Quantos rins nós temos? Quatro! Responde o aluno.
Quatro? Replica o professor, arrogante.Tragam um feixe de capim, pois temos um asno na sala. Ordena o professor.
E pra mim um cafezinho! disse o aluno. Irado, o professor expulsou o aluno da sala.
O aluno era Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), o 'Barão de Itararé'. Ao sair da sala, o aluno corrigiu o mestre:
- O senhor me perguntou quantos rins 'NÓS TEMOS'. 'NÓS' temos quatro: dois meus e dois seus.
Moral da História: A VIDA EXIGE MUITO MAIS COMPREENSÃO DO QUE CONHECIMENTO."
"No Curso de Medicina, o professor se dirige ao aluno e pergunta: Quantos rins nós temos? Quatro! Responde o aluno.
Quatro? Replica o professor, arrogante.Tragam um feixe de capim, pois temos um asno na sala. Ordena o professor.
E pra mim um cafezinho! disse o aluno. Irado, o professor expulsou o aluno da sala.
O aluno era Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), o 'Barão de Itararé'. Ao sair da sala, o aluno corrigiu o mestre:
- O senhor me perguntou quantos rins 'NÓS TEMOS'. 'NÓS' temos quatro: dois meus e dois seus.
Moral da História: A VIDA EXIGE MUITO MAIS COMPREENSÃO DO QUE CONHECIMENTO."
segunda-feira, 14 de março de 2011
Esquemas semi-feudais vigoram no Maranhão para se eleger
Por Pe Claudio Bombieri
Talvez seja cedo para fazer uma análise apurada do resultado das urnas, aqui, no Maranhão. Uma coisa, porém, que salta aos olhos: não estão aparecendo nomes novos no cenário político-eleitoral, as abstenções ficam a cada vez maiores, e os eleitos são sempre mais o resultado de ‘esquemas’/alianças com senhores prefeitos feudais e de vultosos investimentos econômicos.

O primeiro dado poderia, a princípio, não ser totalmente correto haja vista que apareceu algum nome novo ou ‘reciclado’, seja na assembléia legislativa bem como no congresso. Não surpreende que para ocupar uma cadeira no congresso vemos ainda vários... imortais: Gastão Vieira, Sarney F. Pedro Fernandes, Cléber Verde, Nice Lobão, Valdir Maranhão, Pedro Novais, Dutra, Ribamar Alves...As poucas novidades (Luciano Moreira, Edivaldo Holanda Junior....) são frutos de ‘esquema oficial’ e de máquinas administrativas azeitadas. A assembléia legislativa parece seguir a mesma tendência: há imortais ou candidatos a tais: Cutrim, Max, Barros, Cesar Pires, Cleide Coutinho, Rigo Teles, Stênio Rezende, e outros; alguns dos eleitos foram reciclados ressuscitando após um curto período de purgatório (Ricardo Murad, Manoel Ribeiro, Luciano Leitoa, Hemetério Weba...) ou se revezando com algum membro da família. As poucas novidades - que não chegam a ser surpresa, - são por conta de pessoas ligadas a ex-deputados estaduais, ou frutos do esquema de apadrinhamento de algum deputado federal imortal ou familiares de prefeitos poderosos.
Uma coisa parece certa nesse Estado: não há mais espaço para candidaturas eufemisticamente chamadas de populares. Resultado de mobilizações e articulações de movimentos sociais como na época da ‘Nossa Luta’ nos anos 80. Isso vale também para aqueles eleitos que supostamente erguem ainda a bandeira popular. São filhotes de um esquema fixo que os iguala a todos. Uma montagem de caráter essencialmente semi-feudal onde alguns ‘senhores’ prefeitos geralmente se juntam para patrocinarem alguns candidatos. Recebem, ou já receberam destes a promessa/garantia que encaminharão emendas parlamentares ou facilitarão a liberação de recursos federais e/ou estaduais para o seu município (ou família), e em troca ‘os senhores locais’ disponibilizam a máquina administrativa municipal para elegê-los. Investem maciçamente em propaganda e doações para eleitores sempre mais famélicos de benefícios em que a justiça eleitoral não intervém e não controla. Operam aquela troca mercantilista em que a relação voto-benefício é aceita e respeitada como um princípio moral universal.
Aqueles candidatos que ainda mantém vínculos com alguma forma de resquício de movimento popular e na sua ingenuidade acreditam que há ainda espaço para o ‘voto consciente’, ou eles aceitam entrar no esquema comum ou não se elegem. Todavia poderíamos nos perguntar olho no olho: há ainda alguém que acredita em voto consciente, não barganhado e fruto de independência cidadã e liberdade interior?
Talvez seja cedo para fazer uma análise apurada do resultado das urnas, aqui, no Maranhão. Uma coisa, porém, que salta aos olhos: não estão aparecendo nomes novos no cenário político-eleitoral, as abstenções ficam a cada vez maiores, e os eleitos são sempre mais o resultado de ‘esquemas’/alianças com senhores prefeitos feudais e de vultosos investimentos econômicos.

O primeiro dado poderia, a princípio, não ser totalmente correto haja vista que apareceu algum nome novo ou ‘reciclado’, seja na assembléia legislativa bem como no congresso. Não surpreende que para ocupar uma cadeira no congresso vemos ainda vários... imortais: Gastão Vieira, Sarney F. Pedro Fernandes, Cléber Verde, Nice Lobão, Valdir Maranhão, Pedro Novais, Dutra, Ribamar Alves...As poucas novidades (Luciano Moreira, Edivaldo Holanda Junior....) são frutos de ‘esquema oficial’ e de máquinas administrativas azeitadas. A assembléia legislativa parece seguir a mesma tendência: há imortais ou candidatos a tais: Cutrim, Max, Barros, Cesar Pires, Cleide Coutinho, Rigo Teles, Stênio Rezende, e outros; alguns dos eleitos foram reciclados ressuscitando após um curto período de purgatório (Ricardo Murad, Manoel Ribeiro, Luciano Leitoa, Hemetério Weba...) ou se revezando com algum membro da família. As poucas novidades - que não chegam a ser surpresa, - são por conta de pessoas ligadas a ex-deputados estaduais, ou frutos do esquema de apadrinhamento de algum deputado federal imortal ou familiares de prefeitos poderosos.
Uma coisa parece certa nesse Estado: não há mais espaço para candidaturas eufemisticamente chamadas de populares. Resultado de mobilizações e articulações de movimentos sociais como na época da ‘Nossa Luta’ nos anos 80. Isso vale também para aqueles eleitos que supostamente erguem ainda a bandeira popular. São filhotes de um esquema fixo que os iguala a todos. Uma montagem de caráter essencialmente semi-feudal onde alguns ‘senhores’ prefeitos geralmente se juntam para patrocinarem alguns candidatos. Recebem, ou já receberam destes a promessa/garantia que encaminharão emendas parlamentares ou facilitarão a liberação de recursos federais e/ou estaduais para o seu município (ou família), e em troca ‘os senhores locais’ disponibilizam a máquina administrativa municipal para elegê-los. Investem maciçamente em propaganda e doações para eleitores sempre mais famélicos de benefícios em que a justiça eleitoral não intervém e não controla. Operam aquela troca mercantilista em que a relação voto-benefício é aceita e respeitada como um princípio moral universal.
Aqueles candidatos que ainda mantém vínculos com alguma forma de resquício de movimento popular e na sua ingenuidade acreditam que há ainda espaço para o ‘voto consciente’, ou eles aceitam entrar no esquema comum ou não se elegem. Todavia poderíamos nos perguntar olho no olho: há ainda alguém que acredita em voto consciente, não barganhado e fruto de independência cidadã e liberdade interior?
segunda-feira, 7 de março de 2011
8 DE MARÇO/DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Grande é o dia em que as mulheres podem sentir e compartilhar suas glórias e conquistas. Merecido não apenas por lembrar, mas por ter transformado preconceitos e julgamentos em apenas lembranças.
Toda mulher foi guiada para evoluir e conquistar sempre mais. Os anos passam
e cada vez mais, as mulheres contribuíram para a construção de um mundo melhor e mais justo.
Se as palavras tivessem peso, certamente a palavra "mulher" não seria a mais pesada, seria a mais lembrada.
Os dias passam e os momentos ficam, entendendo assim o SINDSEP/ZD deseja a todas as mulheres que seu dia seja especial. Deixe uma marca neste dia.

A busca pela felicidade é constante, pois nascemos para ser felizes, no dia 08 de março transforme a felicidade em um momento.
Parabéns pelo dia da mulher!
Com carinho SINDSEP/ZD
domingo, 6 de março de 2011
Quem foi, quem foi que inventou o carnaval?

A mistura da tradição européia com os ritmos musicais dos africanos criou no Brasil um dos maiores espetáculos populares do mundo. O Carnaval nasceu no Egito, passou pela Grécia e por Roma, foi adaptado pela Igreja Católica e desembarcou aqui no século XVII, trazido pelos portugueses. Viva a folia!
por Ricardo Arnt (Da Superinteressante)
Quem foi que inventou o Brasil? / Foi seu Cabral, foi seu Cabral / No dia vinte dois de abril / Dois meses depois do Carnaval (História do Brasil, Lamartine Babo, 1934)
Com História do Brasil, Lamartine Babo (1904 – 1963) fez mais do que o grande hit de 1934: deu uma definição clássica da festa e do país. À altura desta, só a de Assis Valente (1911 -1958), em Alegria: Minha gente era triste, amargurada / Inventou a batucada / Prá deixar de padecer / Salve o prazer / Salve o prazer.
Abaixo do Equador, onde não existe pecado, a fusão da tradição européia com a batucada africana libertou o Carnaval na plenitude. Em nenhum lugar, ele adquiriu a dimensão que alcançou no Brasil. Durante quatro dias, o país fica fechado para balanço. Ou melhor: fica aberto para só balançar. E se entrega ao espetáculo que seduz e deslumbra os estrangeiros.
A farra toda vem do inconsciente dos povos, desde os rituais da fertilidade e as festas pagãs nas colheitas. Remonta às celebrações à deusa Ísis e o touro Ápis, no Egito, e à deusa Herta, dos teutônicos, passando pelos rituais dionísiacos gregos e pelos licenciosos Bacanais, Saturnais e Lupercais, as suntuosas orgias romanas.
No século VI, a Igreja adotou essas festas libertárias que invertiam a ordem do cotidiano, para domesticá-las. Juntou todas na véspera da Quaresma — como uma compensação para a abstinência que antecede a Páscoa. O Carnaval, então, espalhou-se pelo mundo. Desembarcou no Brasil no século XVII. Aqui, virou um dos maiores espetáculos do mundo. Você vai conhecer um pouco mais da origem da grande folia, desde a mais remota antigüidade até a invenção da serpentina.
Em Roma, comemoravam-se as Saturnais de 16 a 18 de dezembro, para a glória do deus Saturno. Tribunais e escolas fechavam as portas, escravos eram alforriados, dançava-se pelas ruas em grande e igualitária algazarra. A abertura era um cortejo de carros imitando navios, com homens e mulheres nus dançando frenética e obscenamente — os carrum navalis. Para muitos, deriva daí a expressão carnevale.
No dia 15 de fevereiro, comemoravam-se as Lupercais, dedicados à fecundidade. Os lupercos, sacerdotes de Pã, saíam pelados, banhados em sangue de cabra, e perseguiam os transeuntes, batendo-lhes com uma correia. Em março, os Bacanais homenageavam Baco (o deus grego Dionísio em versão romana), celebrando a primavera inspirados por Como e Momo, entre outros deuses.
Assumindo o controle da coisa, a Igreja fez o que pode para depurar a permissividade igualitária dos carnavais. Na Idade Média, a festa virou encenação litúrgica, corrida de corcundas, disputa de cavaleiros e batalha urbana de ovos, água e farinha. Depois, o carnaval se espalhou pelo mundo.
Na Rússia, a Maslenitsa dá adeus ao inverno, com corridas de esqui, patinação, danças com acordeão, balalaika, blinky masleye (panquecas amantegadas) e, é claro, muita vodka. No carnaval de Colônia, na Alemanha, as mulheres armam-se com tesouras e saem pelas ruas para cortar as gravatas dos homens.
Em Veneza, a tradição consagrou os fogos de artifício e foliões mascarados, inspirados na velha Commedia dell’ Arte. Na Bolívia, os mineiros de Oruro veneram a mãe-terra, Pachamama, dançando fantasiados de demônios. Em New Orleans, nos Estados Unidos, uma torrente humana invade as ruas do French Quarter, na terça-feira do Mardi Gras, atrás de músicos que tocam toda a noite.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Para quem é pai/mãe e para aqueles que o serão…
Por Affonso Romano de Sant’Anna
1.Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados. Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre, e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente.
2.Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal? A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil…
3.E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça! Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros. Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados. Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas.
4.E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não repitam. Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.
5.Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao Shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.
6.No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim. Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.
7.Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes". Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade. E que a conquistem do modo mais completo possível.
8.O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de re-editar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.
9.Aprendemos a ser filhos depois que somos pais… “ Só aprendemos a ser pais depois que somos avós…”
1.Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados. Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre, e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente.
2.Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal? A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil…
3.E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça! Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros. Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados. Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas.
4.E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não repitam. Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.
5.Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao Shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.
6.No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim. Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.
7.Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes". Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade. E que a conquistem do modo mais completo possível.
8.O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de re-editar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.
9.Aprendemos a ser filhos depois que somos pais… “ Só aprendemos a ser pais depois que somos avós…”
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